Sinopse
Em relação à temática 4, esta foi abordada em três fases interdependentes:
Na 1ª fase procedeu-se a um estudo individual em relação “aos princípios básicos para a intervenção no conflito” com base nos recursos referenciados pela Professora e ainda em pesquisas na Internet, na imprensa escrita e audiovisual, em textos científicos e opiniáticos sobre o conflito na Escola. A 1ª Fase decorreu entre os dias 09 e 14 de Maio.
Seguidamente procedeu-se a um estudo “do conceito de Bullying e suas implicações nas dinâmicas relacionais na escola e em contextos de trabalho” recorrendo a pesquisas na Internet, visionamento de vídeos e leituras indicadas pela Professora.
Na 2ª fase, foi elaborado um trabalho em grupo de 5 elementos, que decorreu entre os dias 16 e 21 de Maio. A metodologia do trabalho foi a seguinte:
- Caracterização, do ponto de vista teórico, o conflito na Escola e o bullying;
- Caracterização de uma das propostas de intervenção no conflito apresentadas na obra de E. Costa e P. Matos;
- Análise de uma situação de conflito ou um caso de bullying concreto, à luz da proposta sugerida em (2), dando particular ênfase a um dos seguintes componentes: Família, Professores, Alunos, Pessoal não-Docente, Grupos de Pares.
-Realce das diferentes intencionalidades dos actores envolvidos na intervenção da situação de conflito proposta;
-Caracterização do discurso opiniático produzido em alguns media, (em particular, na Internet), da abordagem científica desta problemática.
Na 3ª fase, foram apresentados, em fórum, os casos e as propostas de intervenção sugeridas por cada um dos grupos, seguida de discussão alargada, entre os dias 23 e 28 de Maio.
Tenho a acrescentar que em todos os fóruns a participação dos vários intervenientes decorreu de uma forma dinâmica e enriquecedora, promovendo a partilha de conhecimentos/aprendizagens.
Objectivos
- Conhecer dimensões fundamentais do conflito e do bulling, em contextos educativos.
Caracterização do conflito na escola
"O conflito resulta de uma percepção divergente de interesses, visões ou objectivos" Deutsch (1973) como citado em Costa e Matos (2007), de preferências opostas (Carnevale & Pruitt, 1992) como citado em Costa e Matos (2007), da crença de que os objectivos actuais das partes envolvidas não podem ser atingidos ao mesmo tempo.
Os conflitos nas escolas podem ser classificados, segundo Johnson e Johnson (1995) citado em Costa e Matos (2007):
-Controvérsia (na situação em que as ideias, informações, conclusões, teorias e opiniões de um indivíduo são incompatíveis com as de outro e ambos procuram um acordo);
-Conceptual (quando existem ao mesmo tempo ideias incompatíveis, ou seja, existem controvérsias com as ideias anteriores);
-Interesses (quando os objectivos de uns interferem ou bloqueiam as acções de outro, que também pretende atingir os seus fins);
-Desenvolvimento (são as forças opostas entre crianças e adultos, de estabilidade e mudança).
Podemos dizer que o conflito é necessário para a mudança, daí que neste sentido devemos saber lidar com o conflito de maneira a minimizar o impacto negativo que ele pode causar e maximizar o potencial positivo.
O conflito pode ser intra individual, intrapessoal, intra-grupo ou intranacional. Os conflitos analisados individualmente não podem ser considerados de bons ou maus, mas sim inevitáveis
O conflito nas escolas atinge actualmente proporções alarmantes, nesta nossa primeira postagem iremos elaborar uma reflexão com base no estudo individual baseado em Costa & Matos(2007)
Johnson e Jonnson(1995) analisam duas estratégias possíveis para a resolução de conflitos:
-estratégias de resolução de conflitos centradas nos indivíduos e nas relações interpessoais;
-estratégias de resolução de conflitos centradas em sistemas.
A violência nas escolas"é um fenómeno de carácter multifactorial", com várias expressões e causas, na qual a escola tem grande impacto na sua prevenção.
Kathlenn Heide diz que a causa da violência entre jovens é a falta de referência familiar masculina e positiva. "A ausência de um pai ou a presença de um pai violento está na origem do comportamento agressivo das crianças quando adolescentes ou jovens". Outra das razões é a mudança da estrutura familiar tradicional (em que existe convivência de filhos de diferentes uniões assumindo vários papéis) e alguns pais passam para a escola a responsabilidade de educar os seus filhos.
Os pais dos agressores só os podem ajudar/apoiar os filhos se encarem o problema. Os pais da vítima devem de apoiá-la, reforçando a sua auto-estima.
Estratégias centradas nos indivíduos e relações interpessoais
Uma das estratégias é a mediação de pares, em que os alunos de acordo com o teorizado por Jones e Brinkman (1994) os alunos nestes programas são os interventores neutros para ajudar os outros alunos a resolver os conflitos. Apontam estes autores e também Burrel e Vogl (1990) que os alunos interventores devem ser formados para a escuta activa, o parafrasear, o reformular e o desempenho de papéis; estes processos tem como objectivo gerar acordos aceitáveis para ambas as partes, os alunos desenvolverem estratégias para futuramente aplicarem em novos casos.
Apesar de não existirem estudos conclusivos sobre os benefícios deste treino para ao alunos envolvidos, há evidências de que os alunos desenvolvem competências mais construtivas para resolução de conflitos, capacidade de comunicação e negociação, aumento de auto-estima nos mediadores e desenvolvimento psicológico e nos mediados aperceberem-se que as divergências estão presentes no quotidiano.
O treino destes programas nas escolas permitiria aumentar nos jovens a resiliência, conferia-lhe sentimentos de poder e controlo das suas vidas e consequentemente o seu desenvolvimento psicossocial ao adquirirem confiança e credibilidade nas suas próprias capacidades.
Nestes programas os jovens teriam de aprender os seguintes factores importantes para a resolução de conflitos:
-separar as pessoas dos problemas;
-reconhecer as emoções nos processos;
-aceitar que o conflito é comunicação;
-aprender a diferenciar o foco nos interesses e não nas posições
-Criar oportunidades para encontrar opções ou alternativas distintas.
Reflexão
Normalmente, o conflito anuncia-se, quando ocorre a acção/manifestação de agressão, física, verbal ou psicológica. É comum, observar-se conflitos de natureza verbal e física, entre os adolescentes e jovens, em contexto escolar é enquanto nos adultos o conflito é mais do domínio psicológico.
Segundo Seixas, S. (2006) a violência escolar é um fenómeno abrangente e variado que encaminha para domínios como comportamentos anti-sociais, delinquência, vandalismo, comportamentos de oposição, entre outros. São comportamentos que se podem observar e denunciar.
De acordo com Klewin, Tillmann e Weingart (citados por Seixas, S., 2006) a violência escolar é um fenómeno extenso em que podem encontrar 3 categorias de comportamento violento por parte dos alunos:
• Ofensa/ferimento físico – conflito entre um ou mais indivíduos no qual pelo menos um deles use força física ou armas para causar intencionalmente danos.
•Agressão verbal ou crueldade psicológica.
• Bullying – variante da violência escolar que inclui componentes físicas e psicológicas, que envolve uma relação entre agressor e vitima,
Recursos:
- Costa, E.; Matos, P. (2007). Abordagem sistémica do conflito. Lisboa: Universidade Aberta.pp.75-120.
- Pesquisas na Internet e na imprensa escrita e audiovisual de textos científicos e opiniáticos sobre o conflito na Escola.
-Pacheco, Florinda, M. Coelho & Hermano Carmo (2006). " A gestão de conflitos na
Escola. A mediação como alternativa." Lisboa: Universidade Aberta. Disponível em
http://repositorioaberto.univ-ab.pt/bitstream/10400.2/666/1/LC209.pdf
(B) ...do conceito de Bullying e suas implicações nas dinâmicas relacionais na escola e em contextos de trabalho, com base nos seguintes
Conceito de Bullying e suas implicações nas dinâmicas relacionais na escola e em contextos de trabalho
Segundo Urra(2007) as principais causas de bullying são psicológicas. Quer as vítimas quer os agressores apresentam pouco auto-estima e pouco poder nas relações de influência com os pares, as vítimas não tem amigos, a sua aparência física é frágil e são muito protegidas pelos pais, mais pelas mães. Os pais dos agressores não estão a par da situação. Na minha escola desde o final do ano passado que tinha sido detectado um caso de bulling (entre duas "amigas" , em que a vítima tem o aspecto físico como é descrito, não tem amigos e a mãe protege-a muito; a família da agressora não admite/encara esta situação) e este ano veio a confirmar-se. Quando confrontada com os seus actos , nega e diz que não fez nada, estava só a brincar, coloca a culpa nos outros.
Os pais do agressor também deverão reconhecer o problema do filho, estarem atentos a vários sinais , quando por exemplo, ele quer impor os seus desejos, ser dominante, gritar, maus modos, ou quando tem queixas dos seus irmãos.
Segundo Glatzen & Haber (2007) o bulling "é um padrão repetitivo ou crónico de um comportamento lesivo que envolve o intuito de manter um desequilíbrio de poder". Podemos dizer que a pessoa que pratica o bulling , ou seja, um uma bully tem prazer em magoar outra pessoa, que seja mais fraca, mais desprotegida, "para construir a sua própria noção de poder".
Bulling é diferante de lutar, mas acontece a luta, quando o conflito se torna mais forte. Pode haver brincadeiras em que haja luta entre as crianças, mas não é considerado bulling.
As crianças que praticam bullying precisam de sentir que têm poder, e através do bullying conseguem esse tal poder. Podemos distinguir um bully de uma criança que por vezes provoca outra , é pelo" padrão repetido de intimidação física ou psicológica".
Não há razões específicas para que uma criança se torne um bully, mas existem factores ambientais que podem favorecer o desenrolar de comportamentos de bullying. A criança desde cedo pode apresentar um padrão de comportamento e à medida que vai crescendo , vai-se desenvolvendo, daí que seja muito importante actuar o mais cedo possível.
Segundo Beane (2006) alguns dos factores ambientais que contribuem para o desenvolvimento de comportamentos de bullying são:
-Insuficiente supervisão das crianças e dos adolescentes;
-Chantagem emocional;
-Comportamento agressivo em casa;
-Punição física muito severa:
-Pares abusivos;
-Feedback negativo constante;
-Expectativa de hostilidade.
O ambiente escolar influência o desenvolvimento de comportamentos de bullying:
-Escolas maiores indicam a existência de maior percentagem de violência;
-Escolas com regras claras de conduta referem menos violência;
-Escolas que os alunos consideram com práticas disciplinares justas referem menos violência;
-Verifica-se uma relação directa entre o número de alunos por turma e uma menor violência;
-Escolas onde o responsável por manter a disciplina não é respeitado pelos alunos refere mais violência;
-Escolas onde o responsável por manter a disciplina, oferece aos professores e aos alunos oportunidades de participação nos processos de tomada de decisões, apresentam menos violência;
-A coesão entre os professores e a pessoa responsável por manutenção da disciplina na escola, está directamente relacionada com uma menor violência.
Reflexão
As situações de bullying são cada vez mais frequentes e de difícil resolução, principalmente quando as situações se prolongam no tempo e são tardiamente identificadas pela comunidade educativa e em particular pelos professores. Por vezes, há dificuldade em perceber a gravidade da situação e em identificá-la como um caso de bulling, daí ser necessário repensar nas estratégias pedagógicas.
É importante os debates/formações sobre conflito e bullying entre alunos, encarregados de educação, professores, comunidade educativa , para aprender a reconhecer sinais/situações no sentido de prevenir estes casos na escola.
Recursos:
- Pesquisas na Internet
-Beane, Allan L. A .(2006). A Sala de Aula Sem Bullying. mais de 100sugestões e estratégias para professores.Porto Editora.
- Urra, J. (2007). O pequeno ditador. Da criança mimada ao adolescente agressivo (2ª ed.) Lisboa: A esfera dos livros, pp.325-336.
-Glatzer J. e Haber Jenna(2007). Bulling- Manual Ant-agressão: Protega o seu filho de provocações insultos e abusos. Casa das Letras
Lopes e Gasparin (2003). “Violência e conflitos na escola: desafios à prática docente”. Disponível em http://www.naoviolencia.org.br/pdf/Violenciaeconflitosnaescola_CLopeseJGasparin.pdf
2ª Fase (entre os dias 16 e 21 de Maio)
Trabalho de grupo:
Em grupo de 5 elementos foi elaborado um documento que:
(1) caracteriza, do ponto de vista teórico, o conflito na Escola e o bullying;
(2) caracteriza uma das propostas de intervenção no conflito apresentadas na obra de E. Costa e P. Matos;
(3) analisa uma situação de conflito ou um caso de bullying concreto, à luz da proposta sugerida em (2), dando particular ênfase a um dos seguintes componentes: Família, Professores, Alunos, Pessoal não-Docente, Grupos de Pares.
(4) realça as diferentes intencionalidades dos actores envolvidos na intervenção da situação de conflito proposta;
(5) distingue o discurso opiniático produzido em alguns media, (em particular, na Internet), da abordagem científica desta problemática.
3ª Fase (entre os dias 23 e 28 de Maio)
Apresentação, em fórum, dos casos e das propostas de intervenção sugeridas por cada um dos grupos e discussão alargada dos trabalhos apresentados.
A actividade decorreu entre os dias 09 e 28 de Maio.
Fontes básicas:
- Documentos apresentados no espaço deste tema.
- http://lchc.ucsd.edu/MCA/Paper/Engestrom/expanding/toc.htm
(capítulo3 http://lchc.ucsd.edu/MCA/Paper/Engestrom/expanding/ch3.htm)
Fontes complementares:
- Gallego, S.; Riart, J. (coords.) (2006). La tutoria y la orientación en el siglo XXI. Nuevas propuestas. Barcelona: Ocatedro.
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